Francisco Perna Filho - Poema




Tenho dó de ter dó dos pilantras,
Dos gays não assumidos
Dos infelizes felizes
Das madrastas malvadas amigas.
Tenho dó das mães dos filhos da puta
Dos quebrados que compram à vista
Dos pedófilos que vestem batina
Das putas que assumem maridos.
Tenho dó de quem silencia no grito
De quem propala ser dono das artes
De quem ora e vive pecando
De quem mata e se arrepende da arma.
Tenho dó da dor de quem sofre
Dos abusos dos pais infelizes
Da navalha que corta e é arte
Dos falsos minutos que eternizam.
Tenho dó das monografias plagiadas
Dos políticos safados que abraçam
Daqueles que viram a casaca
Do inferno que por céu é vendido.
Tenho dó de quem corrompe e mata
Do corrompido que se pensa esperto
Do flanelinha que pensa ser dono
Do pedaço de pasto de asfalto.
Tenho dó de quem nunca envelhece
Dos que morrem e querem oração
Dos imbecis que blasfemam o sagrado
Dos otários que se dizem ateus.
Tenho dó de ter dó disso tudo
De quem fala e se cala por medo
De quem finge e não guarda segredo
E na história só quer se dar bem.
Tenho dó da dor deste mundo
dos franciscos,josés, severinos, raimundos,
Tenho dó de mim mesmo,  também.



Um comentário:

  1. Poema bonito, hein? Uma água nova na poética realista de Chico Perna. E um dó no sentido indignado com tudo isso aí, que tanto nos incomoda e dói. Versos que refletem o lado podre e sacana do Brasil, inclusive nas áreas dos poderes constituídos. Tenho dito e não estou nem aí pra São Benedito. Pelo tanto de sofrimento humano, e, como já publiquei, pelo tanto de fé e reza sem retorno, só pode ser porque há santos demais recebendo sem trabalhar, como se contaminados pela pecaminosa política do nosso país. Deixo aqui um fraterno abraço para o lado bom do Brasil.

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