Cássia Fernandes - Poema

Cássia Fernandes
Os dias




Quatro dias de sono na roça.
A pele descansada,
porque não peguei no cabo da caneta
nem me pegaram para enxada.
Apenas capinei os ares.
Apartei-me cedo do gado.
Preparei silos
para os dias de estio
que se seguirão.
Dei de beber aos cavalos,
curando as feridas dos cascos
e desfazendo os nós das crinas,
e assim pretendendo temporariamente
persuadi-los
a não dispararem estúpidos
pelos pastos,
atrás de capim verde
e miragens de vacas e meninas.
Tudo isso me descansou o corpo,
mas ainda assim a alma,
essa não tem repouso,
nem com sono, nem com feriado.
Talvez um dia, quem sabe,
ou mais tarde,
num Pouso Mais Alto.

2 comentários:

  1. Conheço e amo a obra dessa belíssima Mulher de Letras já há algum tempo, e a cada novo encontro com sua arte me delicio e me surpreendo. Qualquer que seja o tema, ela o transforma em magia. Uma das riquezas culturais de nosso mundo, que não tem preço, mas que tem extremo valor. Que nos brinde com muitos tesouros de sua lavra!

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  2. Comentário do Celso não vale. Pode desconsiderar aí, Chico. Brincadeira. Mas acho que Celso padece de excesso de condescendência e generosidade para com o que escrevo. Grata assim mesmo.

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