Brasigois Felício - Poema


O BARRO DO TEMPO


Quem nos fez assim tão frágeis?
Como deuses erigidos
por sobre o barro do tempo,
não resistimos ao vento.

Feitos de terra e de medo
e mais o clamor aos céus,
resistimos ao cansaço
da caminhada inútil.

Quem nos fez assim tão fortes
para resistir à desavisada, ao desamor
devia nos dar coragem
(vertigem, vertente, voragem)
para enfrentar sem terror
essa miragem chamada amor
esse fantasma chamado morte.

In. Hotel do Tempo (Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, 1979. Prefeitura de Goiânia e União Brasileira de Escritores). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/Massao Ohno, 1981,p.181.

Imagem retirada da Internet: homem de barro.

Um comentário:

  1. Belo texto professor, me fez refletir sobre como nossa vida é tocada a equilibrios e desequilibrio: ora tenho medo, ora tenho coragem, ora sei, ora não sei, ora vejo tudo, ora não vejo nada, ora sou honesto, ora sou corrupto, ora vivo, ora morro... Acredito que essas inconcistencias é que dão sentido a vida.
    É como um máquina ligada ao coração indicando os seus batimentos, cheio de altos e baixos, indicando vida e no momento que se segue uma linha reta o fim da mesma. Penso eu que para uma vida boa devemos ser, conscientemente, desequilibrados. rsrs

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