Sergio Napp - Poema


         
              XII


não se beija o morto
ao morto se agradece
pela vida
cerca de pedra
subitamente interrompida


não se lamenta o morto
do morto se registram
as virtudes
e o inúmeros vícios


não se culpa o morto
ao morto se perdoa
o que ficou nas entrelinhas
e os silêncios


não se julga o morto
do morto guarda-se
o último registro
carteira de identidade
um anel de pedras falsas


não se purga o morto
o morto é quadro
na parede das lembranças
saudade
que acontece em repentes


do morto não te despeças
o morto é tempo
que não te abandona




In. Poetas do Brasil
Imagem: Sergio Napp

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