Luís Augusto Cassas - Poema




COVARDIA




Eu vi a Policia Militar de São Paulo, fortemente armada, em carros blindados e a pé,
portando escudos, pesados cassetetes, sprays de pimenta, gás lacrimogêneo, e ódio,
muito ódio, investir contra os jovens estudantes - manifestantes da greve contra o aumento de passagens e melhora da qualidade de transportes coletivos, transeuntes,
pessoas que estavam nas redondezas e nos lugares, de todas as idades, credos, cores, que sofreram violentos espancamentos, humilhações, constrangimentos de ir e vir, pensando que por viverem em uma democracia, podiam protestar, reclamar direitos, insurgir-se contra o establishment- e vi, entristecido, como o poder da flor, nas mãos de uma jovem, continua frágil ante o poder das botas.

Sincronicamente, em minha temporada paulista, vi,a primeira vez na terça à noite, na Avenida Paulista vindo da Casa das Rosas no sentido Livraria Cultura: na segunda vez,
na quinta à noite, vindo de sessão-cinema do Shopping Frei Caneca, entrando na Maria Antônia via Augusta para atingir a Paulista, novamente, vi a Policia militar de São Paulo, reluzentemente armada, com contingente populacional superior trinta vezes superior aos manifestantes, transformar em praça de guerra, grandes regiões centrais da Pauliceia Desvairada, de Mário, com grande risco de morticínio, pela incompetência e omissão dos escalões mais altos do poder público de criarem canais apropriados para a pacificação e resolução dos conflitos que atingem não só aos estudantes mas a população.

E envergonhei- me mais uma vez ao perceber que continuamos ancestralmente frágeis, impondo, apesar de toda a experiencia e comícios íntimos, o discurso do poder contra o amor, da força contra a suavidade,da violência contra a paz.

E constatei, sentindo o efeito do gás lacrimogêneo da alma, que a melhor postura da esquerda, apesar de todas as evoluções e revoluções, ainda é o coração !

Imagem retirada da Internet: Batalhão de Choque

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