Marcos Caiado - Poema




Agonizante



deus está morto
num barraco do morro
deus morreu torto
rindo da cara do povo.

assim como eu,
não tinha o corpo fechado
deus morreu aqui do lado
aonde o asfalto não chega
deus era mulher
e tinha a pele negra.

deus está ferido
numa travessa da lapa
vestido de azul e branco
vinha da grande passeata
Imposto pago, carnê em dia
seguia rindo pela faixa
quando foi atingido(quem é o inimigo?!)
por um projétil de borracha;

agonizante,
caído no chão,
deus foi obrigado
a abaixar os olhos
e pedir perdão.


Imagem retirada da Internet: projétil

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