Mar,
simplesmente o Mar,
envolto de homens
tão prenhes de si mesmos,
confortáveis nos seus assentos,
nas suas calamidades imperceptíveis,
no olhar por cima que singra o sem-sentido,
o invisível ocaso dos objetos.
Somos todos náufragos,
pálidos senhores do Agora.
Só a Arte nos tira da calamidade
de sermos tão humanos e brutos,
brocados como as velhas tabocas,
abandonados nas barrocas da nossa imaginação.
Navegar será sempre possível,
mesmo que nos tirem as rédeas,
porquanto o nosso norte está para
lá dos oceanos,
dos angicos,
dos pau d'arcos,
das sarãs.
O nosso Norte será sempre a palavra.